sexta-feira, 18 de janeiro de 2019

Sedentarismo e envelhecimento

Quando se fala em números de pessoas inativas, a situação atual do Brasil é catastrófica, pois, enquadra-se numa estatística na qual 14 % dos brasileiros adultos, ou seja, quase 18 milhões de pessoas adultas são totalmente sedentárias no país. Os dados são da pesquisa de "Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas", feito pelo Ministério da Saúde, divulgado em Abril/2012, onde incluíam pessoas que não faziam nenhum tipo de exercício físico, quer seja no trabalho, no deslocamento, em serviços domésticos, ou em tempo livre (CONFEF, 2012, p.04). 

Ainda foram apresentados os dados da Organização Mundial da Saúde (OMS, 2008), que analisaram "pessoas insuficientemente ativas", os dados também são alarmantes, mostrando que 31% dos adultos acima de 15 anos, não são suficientemente ativos, não obstante, evidencia-nos que 3,2 milhões de mortes anualmente são atribuídas a falta de atividade física suficiente, com isso, o sedentarismo ocupa o quarto maior fator de risco de mortalidade global, incriminada por pelo menos 21% dos casos de tumores malignos na mama e no cólon, 27% dos registros de diabetes e 30% das queixas de doenças cardíacas. 

Em conexão com esses dados apresentados, podemos notar que algumas mudanças globais, tendem a contribuir com uma vida inativa e danosa para saúde. Observa-se que os fatores ambientais, tais como: violência, tráfego de automóveis intensos, baixa qualidade do ar e poluição, falta de parques, calçadas e aparelhos esportivos ou de recreação, e o aumento de jornada de trabalho diária, contribuem de forma significativa para que os indivíduos se tornem cada dia mais inativos (OMS, 2008). 

Fica claro que a sociedade caminha cada vez mais para uma vida pouco saudável, e o fator principal disso, vem a ser o sedentarismo desenfreado, além de que, o mesmo pode provocar certos hábitos de vida, que contribuem para elevação dos índices de pessoas com doenças sistêmicas. Uma das alternativas de intervenção seria apostar em um número maior de locais para prática de atividade física, juntamente com a inclusão de profissionais de Educação Física fixo nesses ambientes, para que todas as atividades sejam realizadas com segurança e prescritas de acordo com as necessidades e limitações dos seus praticantes. 

No âmbito da prevenção de doença, a pratica de atividades físicas quando bem orientadas, segundo Santarém (2012, p.11) pode colaborar de forma ímpar nas ocorrências de situações patológicas graves, evitando e também controlando doenças crônicas que com o passar do tempo, evoluem para outros casos clínicos mais agravantes, tais como o exemplo da Aterosclerose (doença inflamatória crônica na qual ocorre a formação de ateromas dentro dos vasos sanguíneos), tendo entre estas doenças a Hipertensão arterial, o diabetes do tipo 2, e obesidade etc. O mesmo ainda afirma, que mesmo quando a doença seja oriunda de uma predisposição genética, a atividade embora não possa evitá-las, está pode retardar/impedir possíveis evoluções. 



Como o exercício físico pode atuar contra as doenças crônicas 

Para entendermos um pouco do mecanismo dos exercícios físicos contra doenças crônicas, podemos citar que o sedentarismo leva o organismo a produzir substâncias chamadas citocinas pró-inflamatórias, sendo a mais conhecida o Fator de Necrose Tumoral (TNF-alfa), esta que esta diretamente relacionada com a origem da aterosclerose. O TNF-alfa, também aumenta a resistência à insulina, dificultando a entrada da glicose nas células de todo organismo, acarretando outras doenças crônicas (PETERSEN & PEDERSEN, 2006, p. 43-51). Em contrapartida aos malefícios do sedentarismo, a contração muscular produz substâncias denominadas miocinas do grupo das interleucinas, muito conhecidas por seus efeitos no sistema imunológico, as miocinas, agem ao contrário das citocinas, produzindo efeitos anti-inflamatórios, e com isso, pode-se afirmar que a contração muscular quando habitual, pode oferecer proteção contra doenças cardiovasculares, diabetes 2, obesidade, hipertensão arterial (SIMÃO, 2007). 

Portanto, pôde-se perceber que a situação atual do sedentarismo é caótica tanto no Brasil quanto no mundo, ficou claro também que uma das intervenções que pode contribuir de maneira significativa para a prevenção e tratamento de inúmeras doenças sistemáticas oriundas do sedentarismo é a prática habitual da atividade física. 


Referências 
CONFEF. Conselho Federal de Educação Física. Revista Confef. 2012
OMS. (2001). The world health report. Geneva
PETERSEN, A.M.W; PEDERSEN, B.K. The Role of IL-06 in mediating the anti-inflammatory effects of exercise. J Physiol Pharmacol. 2006; 57(10): 43-51.
SANTARÉM, J.M. Musculação em todas as idades: Comece a praticar antes o seu médico recomende. Barueri-SP, Manole - 2012. S
SIMÃO, R. Fisiologia e Prescrição de Exercícios para Grupos Especiais. RJ: Phorte,2007.

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