sexta-feira, 18 de janeiro de 2019

Musculação emagrece?


Infelizmente, ainda há um grande número de pessoas, que por desconhecimento, acham que a musculação (Treinamento Resistido) não dá um aporte significativo no quesito emagrecimento. Porém, este grande ceticismo ocorre por falta de informação e aprofundamento no mecanismo científico desses exercícios e suas respostas fisiológicas tanto durante, quanto principalmente após a sua realização. 

Acredita-se que essa prática arraigou-se dentre a sociedade leiga em exercícios físicos resistidos, por que analisam apenas os resultados que acontecem durante o exercício, e confirma-se realmente, que durante o exercício de musculação, não há uma mobilização prioritária do metabolismo de lipídios (gorduras), notando assim, que nos exercícios curtos e intensos, os chamados (anaeróbios), usam como substratos energético de forma predominante, a Creatina Fosfato (CrP) e o Glicogênio, diferentemente dos exercícios leves e prolongados (aeróbios), que por sua vez, há uma predominância maior do metabolismo lipídico, o que pode ter gerado essa análise simplória dos reais resultados dos exercícios realizados na musculação, por simploriamente afirmarem que durante esse tipo de esforço físico, a metabolismo predominante não seja o lipídico (1,2). 

Na busca de tentar entender como a musculação pode colaborar com o processo de emagrecimento, iremos analisar as respostas metabólicas que essa provoca no período após a sua realização, ou seja, no período em que o indivíduo esteja em repouso. A primeira das afirmativas gira em torno de que os exercícios realizados na musculação, podem aumenta o volume muscular, e com isso, consequentemente aumentam a Taxa de Metabolismo Basal (TMB), que resumidamente, significa o "Mínimo de energia necessária para manter as funções vitais do organismo em repouso" (3). Na segunda afirmativa, acredita-se que a mesma atividade, pode gerar no indivíduo quando em repouso um prolongamento além de maior, mais intenso em seu consumo de oxigênio (VO2) pós-exercício. 

Alguns pesquisadores até afirmam que "[...] A maneira mais inteligente de perder gordura e mostrar uma musculatura mais definida é realizando um treinamento "pesado com pesos", que também se queimarão calorias e o metabolismo permanecerá alto, [...]" (4). Outros já afirmar que quanto maior a massa magra, maior a quantidade de calorias gastas ao dia, e que ao preservar a massa magra através dos exercícios da musculação, previna declínios no metabolismo também, sendo que, quando a perda de peso vem acrescida de massa magra, o metabolismo acaba desacelerando de forma significativa e prejudicial par ao processo de emagrecimento saudável (5). 

O American College Sport Medicine (6), afirma que o treinamento resistido é um potente estímulo no aumento de massa e/ou força muscular, podendo ser muito importante componente para o sucesso dum programa de perda de peso, aumentando a massa magra e a perda de gordura. E tentando explicar este mecanismo, fundamentamo-nos nas pesquisas que afirmam que esse tipo de exercício, contribui para o aumento significativo do Consumo Excessivo de Oxigênio Pós-Exercício (EPOC), tendo em vista que além das calorias gastas durante esses exercícios, eles provocam um gasto calórico substancial no período pós-exercício, e já é sabido por todos que o metabolismo energético principal quando estamos em repouso/descanso, é o metabolismo lipídico “gordura” (2). 

Alguns estudos realizados com exercícios ergométricos observaram que mesmo quando realizados esse tipo de exercício, mesmo que intensamente, seus gastos de oxigênios pós-exercícios, aconteciam em média até no máximo 40 minutos (7). Porém, com os exercícios resistidos, a resposta do EPOC parece variar bastante, e estar diretamente correlacionada com a combinação das variáveis, parecendo que quão maior for à intensidade dos exercícios, maior será o gasto de oxigênio após suas atividades, podendo-se afirmar que nesta segunda, o gasto ultrapasse os 40min observados anteriormente (8). 

Conclui-se que: 
Fica até certo ponto evidente, que os exercícios de musculação colaboram de forma ímpar no processo de "queima de gorduras", além de contribuir para o tratamento e prevenção da obesidade que hoje é sem dúvida um grande problema para à saúde pública mundial. 

Referências
1. Simão, R. Fisiologia e Prescrição de Exercícios para grupos especiais. Phorte, SP, 2008.
2. Carnevali, L.C.J et al. Exercício, emagrecimento e intensidade do treinamento: Aspectos fisiológicos e metodológicos. Phorte, 2011.
3. MCARDLE, W.D et al.. Fisiologia do Exercício. Energia, Nutrição e Desempenho Humano. 4 ed. Rio de Janeiro : Guanabara Koogan, 1998.
4. Esquerdo, O. Enciclopédia da musculação. Osasco: Leap, 2010.
5. LEIBEL, R..L. et al. Changes in energy expenditure resulting from altered body weight. New England J Med, 1995, 332:621-628.
6. ACSM. Position stand on the appropriate intervention strategies for weight loss and prevention of weight regain for adults. Med Sci Sports Exerc 33:2145–2156, 2001.
7. Neto, G.C; Farinatti P.T.V. Consumo de oxigênio após exercício resistido: uma abordagem crítica sobre os fatores determinantes de sua magnitude e duração. Braz. J. Biomotricity. V.3, N.2.2009.
8. TAHARA, Y, et al. Fat-free Mass and Excess Post-exercise Oxygen Consumption in the 40 Minutes after Short-duration Exhaustive Exercise in Young Male Japanese Athletes J Physiol Anthropol, 27: 139-143, 2008.

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