domingo, 30 de dezembro de 2018

A relação entre a psicomotricidade e os domínios da escrita


A psicomotricidade é em um termo que busca englobar o movimento de forma integrada e organizada, podendo estar diretamente relacionada com as experiências vividas pelo sujeito quanto às suas particularidades, sua linguagem e sua socialização, pelos movimentos corporais e sua integração com os meios interno e externo e, por suas condutas motoras, afetivas, emocionais e cognitivas1.

No âmbito educacional, parece-me ser consenso, de que a psicomotricidade é importantíssima para o ensinoaprendizagem dos anos iniciais da escolarização. Pois, segundo alguns autores, as habilidades psicomotoras deveriam anteceder a outros ensinamentos por interferir significativamente na capacidade de aprender matemática, português entre outras disciplinas2,3.


Segundo a literatura, entre as dificuldades mais visíveis no estágio inicial da vida escolar da criança estão aquelas relacionadas aos distúrbios de escrita (disgrafias, disortografias e erros de formulação de sintaxe)4.

Sendo assim, após refletir sobre as dificuldades de escrita e os benefícios da educação psicomotora na fase inicial da vida escolar, decidi analisar – efetivamente - qual a verdadeira relação entre tais capacidades (domínios da escrita e os domínios psicomotores). Foi assim que desenvolvi uma pesquisa em 2011, numa escola Estadual de Porto Velho, capital Rondoniense, com 40 alunos do ensino fundamental buscando verificar “As relações entre os domínios psicomotores e os domínios de escrita dos alunos” que posteriormente foi publicado na revista “Corpus et Scientia” em 2014, (para ler o artigo na íntegra, clique “AQUI”).

Alguns dos resultados da pesquisa estão demonstrados na tabela abaixo e mostram que quando os alunos apresentaram forte correlação entre ambas as capacidades, pois obteve-se uma alta probabilidade de apresentarem ou não domínios psicomotores e de escrita de forma interligada (92,5%, 37 dos 40 alunos), ou seja, a maior parte dos alunos com dificuldades psicomotoras apresentavam distúrbios de escrita e, a maior parte dos alunos sem dificuldades psicomotoras não apresentaram dificuldades de escrita.

Tabela copiada do artigo: Capacidade Psicomotora e de Escrita.

PSICOMOTRICIDADE E DE ESCRITA
AV1 e AV2
% FINAL
Alunos Avaliados
40
100%
Alunos com boa capacidade Psicomotora e Escrita
Alunos com dificuldade Psicomotora e Escrita
Alunos com disparidades entre as capacidades
30
07
03
75%
17,5%
7,5%

Em virtude dos resultados encontrados na pesquisa e dos diversos autores que afirmam tal correlação, parece-nos evidente que a psicomotricidade, além de estar diretamente correlacionada com o sucesso da escrita em escolares, deveria, também, ser utilizada como método de prevenção e/ou intervenção de dificuldades de escrita em escolares.

Sendo assim, concluo que para um aluno ter boa capacidade de escrita, é fundamental que, primeiro, tenha um bom desenvolvimento psicomotor, já que o desenvolvimento das capacidades motoras, tecnicamente, preceda ao desenvolvimento das capacidades de escrita.

REFERÊNCIAS
1.Sociedade Brasileira de Psicomotricidade. A psicomotricidade. 2011.
2.Fonseca, V. Manual de Observação Psicomotora. Porto Alegre, Artes Médicas: 1995.
3.Silva Filho, JN; Ferreira, RA. Relações entre os domínios psicomotores e domínios de escrita: o fracasso e o sucesso de crianças do ensino fundamental. Corpus et Scientia. 10(1), p.18-27, 2014.
4.Coelho, MT; Assunção, EJ. Problemas de aprendizagem. 12.ed. São Paulo: Ática, 2006.

sábado, 29 de dezembro de 2018

Currículo Lattes José Nunes

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Lactato, ácido lático e a Dor Muscular Tardia


Gostaria através deste texto, de tentar esclarecer algumas dúvidas sobre o Lactato, “ácido lático” e a Dor muscular tardia (DMT), pois surgiram várias perguntas de colegas e alunos e nossos leitores sobre a DMT ser oriunda do "ácido lático" ou não. Portanto, resolvi explicar de uma maneira rápida, um pouco mais sobre o assunto.


Até os dias de hoje, o pessoal confunde o que é "lactato" com o que é "ácido lático". Por isso, infelizmente criaram por desconhecimento, uma “eterna” confusão sobre seus efeitos na atividade física, que vem circulando entre os praticantes de Atividade Física por muitos anos.

Para entendermos melhor e de forma prática, e cientificarmos de que o ácido lático não faz presença na musculatura, é só analisarmos o seu PH, que fica em torno de 3.86, e o PH muscular entre (7.0), podendo chegar quando em atividades intensas a (6.0). Logo, fica nítido que nosso organismo humano não resistiria a um PH tão baixo quanto ao do ácido lático, com isso, fica claro que a substância derivada da glicolise anaeróbia, ao invés de ser o ácido lático seja o lactato.

Gostaria de esclarecer ainda, que o lactato substância que nosso corpo produz e, sua fórmula molecular é (C3H5O3), é uma substância diferente do ácido lático, vejam a fórmula acima que é do lactato, e a do ácido lático aqui (C3H6O3), perceba que embora sejam parecidas, são as substâncias diferentes. No entanto, nenhuma das duas substâncias é a causadora da DMT (dor muscular tardia), e não sou eu quem afirma isto, e sim os estudos que já foram realizados sobre o tema e me ancoram nesta afirmativa.

Embora seja comum vermos alguns preparadores físicos e até alguns fisiologistas, principalmente no futebol e nos esportes coletivos dizendo que vão aplicarem algumas atividades físicas leves/recreativas no dia seguinte às competições para acelerar a remoção do ácido lático e com isso reduzir a fadiga e/ou dor muscular tardia, etc. No entanto, isso não passa de uma ilusão, uma vez que a concentração plasmática de lactato volta aos níveis pré-exercício 2h após a realização do exercício intenso e muito antes da instalação dos primeiros sintomas da dor muscular tardia (NETO, et al, 2006).

Ao sabermos que o lactato é removido (ressintetizado) em média 2h após as atividades, podemos afirmar que jamais o mesmo poderia ser o causador das dores musculares que costumam aparecer entre 24 às 72h após os exercícios, dependendo da intensidade do treinamento. 

Considerações Finais
Ficou claro que nem o famoso “ácido lático”, nem o lactato são responsáveis pela DMT, no entanto, sempre existirão divergências em "opiniões". Com isso, cabe a nós procurarmos respostas corretas onde existam informações sérias e baseadas em evidências, e não as baseadas no "achismo" ou "experiência" de alguns que se dizem ter 20 ou 30 anos de profissão. 

Referência
NETO, J.M.F.A et al. Desmistificando A Ação Do Lactato Nos Eventos De Dor Muscular Tardia Induzida Pelo Exercício Físico: Proposta De Uma Aula Prática. Revista de Ensino de Bioquímica, v. 4, n. 2, p. 1-15, 2006.

Lactato, ácido lático e a Dor Muscular Tardia

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